O seu cão, por mais bem tratado que seja, pode ficar
agressivo. Conheça as possíveis causas disso e controle melhor a situação
Muitas pessoas têm ideia errada sobre a agressividade canina. Acreditam que
determinadas raças nunca se tornam agressivas. Ou que o cão tratado só com amor
e carinho jamais morderá ou será agressivo.
Neste artigo explico como surge um comportamento agressivo,
de quais tipos pode ser e por que se desenvolve.
Raça e linhagem
Quando me pedem um comentário sobre ataques de cães, a
primeira pergunta que ouço é sempre se a culpa é da raça ou da maneira como o
cão foi criado. Na verdade, a resposta não é simples - um ataque pode ser
determinado por vários fatores.
Para começar, não há raça canina sem indivíduos
agressivos. Muitas pessoas se surpreendem quando se deparam com um Golden
Retriever ou um Labrador agressivo. No imaginário delas, essas possibilidades
não existem! Mas elas existem. E não são tão raras assim, como bem sabe quem
trabalha com comportamento canino.
Isso não quer dizer que uma raça não seja, em média, mais
agressiva ou dócil que outra. Por exemplo, Rottweilers são mais agressivos que
Beagles, em média, mas há muitos Rottweilers mais dóceis do que muitos Beagles.
Outro fato são as diferentes linhagens de uma mesma raça,
cujos exemplares podem ser mais mansos ou mais agressivos do que a média. Por
isso, às vezes, ao querer prever o comportamento futuro do filhote, é mais
importante conhecer o comportamento típico da sua linhagem do que da sua raça.
Influência da criação
O modo como lidamos com o cão influencia muito o
comportamento dele. A boa educação pode controlar a tendência a uma
agressividade maior e a má educação pode tornar perigoso um cão pouco
agressivo. Mas é muito mais fácil e garantido educar para ser manso e confiável
um cão que tem tendência a ser dócil.
Amor e carinho não bastam
Quando atendo consultas de comportamento, muitas vezes
ouço gente desabafar que sempre fez tudo que o cão queria, sem nunca lhe faltar
amor nem carinho, e que não entende por que agora ele ataca as pessoas da casa.
Mas, para controlar a agressividade dos nossos cães e evitar acidentes, muitas
vezes graves, devemos estar cientes de que a educação correta envolve muito
mais do que amor e carinho.
De onde vem a agressividade?
Para a maioria das espécies, a agressividade é fundamental.
Fazem, por meio dela, a defesa do território, de seus parceiros sexuais, dos
filhotes, da comida e até da posição hierárquica.
Na grande maioria dos bichos,
o comportamento agressivo é inato, pelo menos em parte, e pode aflorar somente
em algumas situações ou fases da vida. É o caso dos cães machos que, na
puberdade, começam a brigar com outros cães machos. E dos filhotes que se
tornam agressivos ao disputarem uma teta da mãe ou ao tentarem garantir que o
sono não seja perturbado pelos irmãozinhos.
Vários tipos de agressividade
Podemos dividir o comportamento agressivo em classes,
para melhor entendê-lo e controlá-lo. Independentemente dos critérios adotados,
mais complexos ou mais simples, em geral as classificações se assemelham.
Agressividade territorial
Normalmente, um cão fica mais agressivo no território
dele, para defendê-lo. Muitos cães aceitam um outro cão quando estão em espaço
neutro, mas passam a atacá-lo se ele entrar no território deles ou ameaçar
entrar.
Agressividade possessiva
Manifesta-se quando alguém se aproxima de um objeto, de
um animal ou de uma pessoa de quem o cão tem “ciúmes”. Ocorre, por exemplo,
quando ele está com algo que considera valioso, como um osso com pedaços de
carne. Acontece também quando uma visita abraça ou cumprimenta o dono do cão.
Agressividade por medo ou dor
Às vezes, para se defender, o cão acuado pode atacar o
agressor. Ou, ameaçá-lo mostrando os dentes e rosnando, para evitar que chegue
perto demais. Um cão com dor, por medo de que um outro bicho ou uma pessoa se
aproveite dessa vulnerabilidade, tende a ser agressivo.
Esse é o principal
motivo que leva cães atropelados a atacar a pessoa que tenta socorrê-los.
Agressividade por dominância
Serve para mostrar quem manda. Costuma acontecer quando é
questionada ou contrariada a dominância de um cão que se considera líder do
grupo.
Fonte: cãocidadão