Cão e dono podem se divertir e se exercitar ao praticar agility, atividade esportiva que, como o nome já diz, exige muita agilidade. O animal precisa ser rápido para pular obstáculos e correr bastante nos treinamentos e competições. Isso o ajuda a crescer saudável e esperto, mas o dono também se beneficia.
Há três anos, Victória Achôa, 12 anos, de Santo André, treina a cadelinha Nicole, da raça border collie, a mais utilizada nessa atividade. Ela garante que o agility ajudou-a a ter mais fôlego nas brincadeiras, já que o dono tem de indicar o caminho que o cão precisa percorrer na pista. "No pega-pega, eu era sempre uma das primeiras a ser pega. Agora, consigo desviar e correr bastante", diz. Enquanto a dona ganhou agilidade, Nicole ficou mais obediente, depois que aprendeu a seguir os comandos que recebe.
Outra vantagem é que esse exercício acalma o animal e impede que ele engorde. Luigi, border collie de Giovani Della Coletta Torres, 7, de São Caetano, era muito agitado porque vive em apartamento. "Agora tem de se mexer muito na pista e não fica gordinho", conta a dona. Segundo os especialistas, cães que permanecem sozinhos por muito tempo ou em locais pequenos, precisam de atividade física constante. Isso também os ensina a conviver com outros bichos.
O segredo é ter muita paciência e saber respeitar. "Quando ele erra, a gente tem de fazer com que volte a ter concentração para completar o percurso", explica Matheus de Oliveira, 11, de Santo André, que treina quatro cães. O garoto faz apresentações de agility com o pai, que é adestrador, e diz que a rotina é intensa, com nove horas de exercícios por semana. "Uma vez, mesmo tendo treinado muito, o cão errou o percurso no dia da competição."
Lembra prova de hipismo
A competição de agility é baseada nas provas de hipismo (com cavalos), na qual os cães devem percorrer um percurso com obstáculos (zigue-zagues, estacas, rampas e túneis), sem cometer erros e no menor tempo. Thomas Vieira de Moraes, 11 anos, de São Paulo, começou a treinar com a Juju há três anos e já ganhou dois campeonatos. "Não há diferenças entre crianças e adultos, que competem juntos, mas os cães são divididos em categorias, de acordo com o tamanho", explica.
O animal pode iniciar o treinamento a partir de seis meses, mas só passa a competir quando completa um ano e meio. É preciso treinar muito, já que o circuito de obstáculos só é conhecido pelo condutor minutos antes da prova. E, o mais importante, o cachorro não pode ver a pista antes, para não ter mais chances de vencer. "É preciso ter controle total sobre o animal, que tem de saber o que você quer só pelos gestos", diz Thomas.
Durante a prova, o dono não pode encostar no cão nem atrair sua atenção com petiscos ou brinquedos (liberados nos treinamentos), e o que vale é ter agilidade. Vence quem percorre toda a pista em menos tempo, sem errar ou derrubar os obstáculos.
Quer conhecer mais sobre o esporte? Hoje (dia 29), às 9h, será realizada a primeira etapa do Campeonato Paulista de Agility, no Clube Atlético Aramaçan (Rua São Pedro, 345, tel.: 4972-8200), em Santo André. A entrada é gratuita.
Ótimo exercício para os dois
Movimentar o corpo é fundamental para ter crescimento saudável. A atividade física ajuda a melhorar o funcionamento do sistema respiratório e circulatório, o que também contribui para uma boa noite de sono. Quem brinca e se diverte com o cão, ainda consegue prevenir obesidade e doenças como pressão alta e diabetes
Por meio do agility, a gente começa a ter disciplina, pois é preciso saber conduzir bem o cão, e passa a estabelecer limites. Também torna-se mais organizado e desenvolve a coordenação motora. "Minha cadelinha me obedece bastante. Quando isso não acontece, fico nervosa, mas meu pai explica que é normal", conta Victória.
Para o cão, é importante praticar exercícios, principalmente se é agitado ou vive em lugar pequeno. A atividade física o acalma e favorece o convívio com os demais animais. Mas antes de iniciar qualquer atividade, é preciso levá-lo ao veterinário para saber se está apto e depois passar por avaliação a cada seis meses. Tem de estar com as vacinas em dia, já que estará em contato com muitos cães.
Outro cuidado que deve ser tomado é quanto à escolha do local para praticar. Para receber orientação, acesse o site www.agilitybr.com.br. Se o adestrador não orientar bem o dono, o animal poderá ter problemas de saúde.
Consultoria do pediatra Mauro Fisberg, da Unifesp, e da veterinária Tânia Parra, da Universidade Metodista de São Paulo
Saiba mais
O agility pode ser praticado por qualquer raça ou tamanho de animal. Nos treinos e competições, os obstáculos levam em conta o porte de cada um. No entanto, por ser esporte de impacto - o cão pula e corre muito -, não é recomendado treinar raças que têm crescimento muito rápido, como dog alemão. É preciso esperar até que esteja completamente desenvolvido, para evitar problemas na coluna e articulações. Só o veterinário pode dizer quando o animal está preparado para a atividade.
Confira algumas das raças mais recomendadas para esse esporte:
BORDER COLLIE é a raça mais premiada no agility por sua agilidade e inteligência. Como precisa gastar energia, deve estar sempre se exercitando.
PASTOR BELGA é excelente cão de guarda e possui ótimo faro. O Malinois (com pelagem clara e curta) é utilizado por equipes policiais de vários países.
POODLE é inteligente, obediente e dócil. No passado, era considerado excelente cão de busca; resgatava o animal caçado e levava para o dono.
LABRADOR é brincalhão e ativo, mas também é obediente e gosta de exercícios físicos. Quando treinado, consegue exercer qualquer atividade.
SCHNAUZER é obediente, ágil e fiel. Na Itália e França é usado como cão de guarda. Antigamente acompanhava as carruagens na Europa.
O agility foi criado em 1978 na Inglaterra, como forma de entreter o público que visita exposição de cães. Chegou ao Brasil há 13 anos, mas é pouco conhecido. Antes de o animal iniciar na modalidade, é preciso treinar a obediência para depois aprender os comandos. É importante que ele esteja ligado ao dono, para que não erre os movimentos. Para isso, durante o treinamento, pode-se agradá-lo com petiscos.
Gato também pode
Apesar de parecer estranho, gato também pode praticar agility em pistas, bem menores do que as dos cães. Nesse caso, não há zigue-zagues, túneis nem rampas. Os obstáculos são colocados em forma de círculo e o condutor tem de atraí-lo com brinquedos, varinhas ou novelos de lã para os equipamentos. É preciso que ele se interesse pela brincadeira, caso contrário não realiza o circuito. Nos Estados Unidos e Canadá já há competições para gatos. No Brasil é pouco conhecida