A raiva pode ser eliminada completamente na América no prazo de dois anos, a manterem-se as campanhas de vacinação maciça de cães, principais transmissores da doença aos humanos, concluíram peritos de 20 países daquele continente, reunidos na Argentina. Um relatório dos especialistas que estiveram reunidos em Buenos Aires, sob os auspícios da Organização Pan-americana da Saúde (OPS) e das autoridades de saúde da Argentina, destaca também uma descida do número de doentes, que totalizaram, em 2009, 11 em todo o continente americano.
Segundo José Pagés, representante da OPS e da Organização Mundial de Saúde (OMS) na Argentina, registaram-se em 1983 mais de 300 casos de raiva humana em países americanos com sistemas de vigilância e notificação débeis. «Mas com a articulação e a cooperação técnica da OPS e do Centro Pan-americano de Zoonosis, os países iniciaram campanhas de vacinação que permitiram uma considerável redução da incidência dos casos de raiva humana e canina», adiantou.
Bolívia, El Salvador, Guatemala, Haiti e República Dominicana, «que se caracterizavam por uma incidência de raiva canina e humana, estão a superá-la com enormes desafios», apontou, por sua vez, Fernando Leanes, do Centro Pan-americano de Febre Aftosa. A continuar esta tendência, prosseguiu, a doença desaparecerá nestes países em 2012.
A raiva é uma doença que pode ser mortal, embora possa ser prevenida através da vacinação dos cães. Em 2010, «pela primeira vez na história, dá-se a situação de que todos os Estados [americanos] estão no caminho de chegarem a zero casos de raiva a curto prazo», salientou Celso Rodríguez, assessor de Saúde Pública Veterinária da Organização Pan-americana da Saúde.
A raiva causa cerca de 55 mil mortos por ano em todo o mundo, sendo que África e Ásia são os continentes mais afetados, com 45 mil situações, segundo a OMS. Em Portugal, apesar de obrigatória a vacinação de cães contra a raiva, a doença foi erradicada há vários anos.
Diário Digital / Lusa