Exercício juntou equipas de busca e salvamento de todo o país
Os escombros faziam adivinhar a gravidade da catástrofe. Equipas de busca e salvamento, bombeiros e elementos especializados trabalhavam em conjunto no exercício realizado durante toda a manhã de ontem, na antiga têxtil Atma, em Avidos, Famalicão.
A palavra de ordem comanda Lu. "Busca Lu, onde está?", ordena o "parceiro". Lu, cão dos Bombeiros de Amarante, tenta encontrar eventuais vítimas naquela parte da fábrica. Percorre os escombros, cheira todos os recantos e … missão cumprida. A vítima é resgatada. Não há tempo a perder - entra um outro binómio (homem/cão) e faz mais buscas.
Noutros locais da empresa afectada pelo terramoto simulado decorrem outros trabalhos. "É um cenário com um grau de dificuldade elevado. Não é fácil coordenar todas as equipas e tantos meios, é preciso alguma experiência mas o balanço é positivo", adianta Carlos Freitas, adjunto do comando dos Bombeiros Voluntários de Famalicão, que comandou as operações. O exercício encerrou o Encontro de Equipas de Busca e Salvamento com Cães organizado pela corporação. Decorreu desde sexta-feira à noite e culminou com o exercício. A iniciativa envolveu não só prática mas também teoria, incidindo no protocolo usado pela ONU para este tipo de trabalhos.
"Estamos a criar uma equipa de cães de busca e salvamento, já temos dois animais pré-operacionais e, por isso, todos os exercícios são bons", sublinha Luís Gracio, dos Bombeiros Voluntários de Portalegre.
A conversa é interrompida. É preciso uma outra equipa para verificar a existência de mais vítimas naquela conduta de ventilação da fábrica. Luís entra com o seu parceiro de trabalho. Começa a busca.
Noutra zona, a equipa de Busca e Resgate em Estruturas Colapsadas (BREC) dos Sapadores de Coimbra tenta saber se há vítimas do outro lado de uma parede e qual o seu estado. "Primeiro abrimos um pequeno buraco para introduzir uma câmara de filmar de modo a podermos avaliar o estado da pessoa", explica o coordenador Costa Carvalho. Além desta equipa, no país existe apenas mais uma, nos Sapadores de Lisboa.
A vítima é avaliada. E é chamada a equipa médica, uma vez que é necessário estabilizá-la. "O nosso trabalho pode ser rápido mas também pode demorar muito", observa Costa Carvalho, explicando que os elementos são substituídos a cada cinco minutos. O trabalho é "violento", explica.
A equipa BREC é multidisciplinar uma vez que integra um engenheiro civil, técnicos ligados às matérias perigosas e pessoal médico, entre outras especialidades.
"Estes exercícios são cada vez mais necessários, tal como a existência de cães de busca", disse o comandante de operações, agradado com a adesão das equipas, que "superou as expectativas".
Fonte: Jornal de Notícias