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20 de abril de 2010

Para Ministério da Saúde, tratar a leishmaniose em cães arrisca vida humana



Os tratamentos contra leishmaniose (veja sobre a doença) em cães disponíveis até agora não são capazes de eliminar completamente o protozoário da corrente sanguínea dos animais. Por essa razão, colocam em risco a vida de seres humanos com saúde vulnerável, que possam ser infectados. A conclusão é do Ministério da Saúde, que em outubro do ano passado propôs a realização de um novo fórum de discussão sobre o assunto.

Ontem, a assessoria de imprensa da Prefeitura de Bauru divulgou a confirmação de dois casos de leishmaniose visceral americana na cidade. Tratam-se de um menino de 3 anos, morador do Ferradura Mirim, e uma menina de 4 anos, do bairro Santa Edwirges. Ambas já passaram por tratamento no Hospital Estadual. Com mais essas duas ocorrências, Bauru passa a totalizar quatro casos da doença neste ano, sem óbito. Em 2009 foram registrados 37 casos.

Em outubro do ano passado, foi feita uma revisão bibliográfica dos periódicos científicos de circulação nacional e internacional, sendo que a conclusão reiterou a proibição do tratamento canino no País e a indicação de eutanásia para cães infectados. Segundo o texto elaborado pelo governo federal, os modelos de tratamento propostos atualmente podem levar a uma melhoria transitória do quadro clínico do cão, reduzindo os níveis de parasitas.

Ainda assim, consta no texto do fórum que os estudos são inconclusivos e apresentam evidência de que os animais, mesmo após submeterem-se ao tratamento, mantêm a capacidade de infectar o vetor, no caso, o mosquito palha - transmissor da doença.

Polêmica, a determinação do Ministério da Saúde de proibir o tratamento em cães normalmente é criticada com base no exemplo de outros países, onde o tratamento é permitido. Qual a diferença, então, do Brasil para com os países do Mediterrâneo, por exemplo? São muitas as diferenças. A começar que a leishmânia de lá é diferente da daqui, explica Fernando Monti, secretário municipal de Saúde.


Diferenças


Além disso, em território verde e amarelo, o mosquito palha está presente em todos os meses do ano. Pode alcançar pico populacional no período de término de chuvas. Já a Índia, por exemplo, sofre com dois períodos populacionais: de setembro a novembro e de março a abril. Na Itália a ocorrência é bianual, influenciada por fatores climáticos, informa o relatório do Ministério da Saúde. Além do Brasil padecer com uma quantidade muito superior de mosquitos transmissores, por aqui não só existem cães infectados, como também seres humanos doentes.

De acordo com Monti, no Mediterrâneo a transmissão da leishmânia se dá, principalmente, entre usuários de drogas injetáveis. Por lá, a doença ameaça especialmente os portadores de HIV, que também correm risco no Brasil. Mas por aqui, o volume de pessoas vulneráveis é muito maior. A população de baixa renda, sem acesso a alimentação de qualidade e com saúde frágil, pode ser infectada e manifestar a leishmaniose visceral humana.

Por outro lado, quem tem saúde boa, mesmo infectado, pode jamais saber que foi contaminado porque o próprio organismo controla a proliferação do protozoário. Já os mais vulneráveis, após o penoso tratamento, podem voltar a manifestar a doença. Nenhum tratamento, seja em homem ou cão, é capaz de eliminar completamente o protozoário. No máximo, reduzir seus níveis. Por essa razão, em Bauru, a maioria das vítimas são crianças de periferia e adultos com outros problemas de saúde.

Bauru totaliza quatro casos da doença em 2010. Em 2009, o município registrou 37 casos. Desde 2003, 30 pessoas já morreram por conta da doença na cidade. Até mesmo para veterinários de Bauru que sofrem com a eutanásia canina, a decisão do proprietário de animais deve contemplar tanto a responsabilidade social quanto a sanitária.

Se na casa dele as pessoas são saudáveis, seu vizinho, por exemplo, pode estar enfrentando alguma vulnerabilidade. E seu cão, mesmo estando clinicamente bem, pode gerar risco de doenças para o morador próximo.




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Fórum


A lei número 1.426 de 2008, que proíbe o tratamento em cães e indica eutanásia aos infectados, tem sido muito contestada por profissionais liberais que atuam em estabelecimentos veterinários. A União, inclusive, tornou-se alvo de várias ações judiciais. Minas Gerais, por exemplo, moveu uma ação civil pública. Diante da situação, o Ministério da Saúde propôs a realização do fórum, que ocorreu em outubro do ano passado.

Com a presença de membros da Fiocruz, da Universidade Federal de São João Del Rey, Universidade de Brasília, Centro Pan-Americano de Febre Aftosa e Secretaria do Estado da Saúde de São Paulo, decidiu manter a proibição. No texto elaborado após o evento, consta que o cão tem sido referenciado como principal responsável pela persistência da leishmaniose em várias áreas tropicais do planeta.

“No Brasil, até o presente momento, todos os surtos descritos na literatura estão associados com a presença de cães soropositivos. Em várias regiões geográficas, a epidemia canina precedeu a humana”, consta no texto.




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Racional x emocional


Bauru acata as determinações do Ministério da Saúde, baseadas em evidências científicas, explica o secretário municipal de Saúde, Fernando Monti. “Não estou tirando o direito das pessoas discutirem sobre isso. Mas não discutimos no âmbito emocional ou opinativo. É científico. As pessoas que defendem que não façamos eutanásia discutem numa perspectiva emocional, que eu compreendo. Não agrada a ninguém tomar as medidas que tomamos, mas elas são preconizadas”, explica o titular da Saúde.

De acordo com ele, a nebulização extensiva, em várias áreas, também não resolveria a proliferação do mosquito palha, como não resolveu no caso do Aedes aegypti. “Ainda exporia as pessoas a inseticidas, teria problema com o meio ambiente e poderia induzir resistência do mosquito ao inseticida”, informa. Com relação à coleira repelente, ele explica que a eficácia é comprovada, mas o poder público não teria como garanti-la aos 60 mil cães que vivem no município. Cada uma custa cerca de R$ 50,00 e teria de ser trocada pelo menos uma vez durante o ano.

Monti acredita que a polêmica em torno da questão foi provocada por uma mentira dos assessores do deputado estadual Feliciano Filho (PV), que visitaram o CCZ e elaboraram um relatório disponibilizado na Internet que levanta a suspeita de que animais sadios tenham sido sacrificados. “Não eutanasiamos animais sadios. Isso não acontece em Bauru”, garante.




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Resistência às drogas


O texto elaborado ao final do fórum realizado pelo Ministério da Saúde alerta para o perigo potencial de geração e circulação de leishmânias resistentes às drogas usualmente utilizadas para tratamento de seres humanos tais como o antimonial, o pentavalente, a anfotericina B e a miltefosine. A última delas já é utilizada por veterinários em países como Portugal, Espanha, Itália. Grécia e Ilha de Chipre.

O resultado é o surgimento em alguns pontos de protozoários resistentes aos tratamentos disponíveis. Para os cientistas, a situação pode provocar consequências imprevisíveis. Também poderá aumentar a morte em humanos, manter os cães como reservatórios do protozoário, além de reforçar a resistência da população à eutanásia de animais doentes que continuarão como fonte de infecção.

“O arsenal terapêutico para a leishmaniose é pequeno. São as mesmas drogas para humanos e cães. Todo uso de medicamento antiparasitário induz resistência. Se começar a induzir leishmânia resistente, as pessoas vão começar a pegar leishmânia resistente”, explica o secretário municipal de Saúde, Fernando Monti. Para ele, as pessoas que se manifestam sobre o assunto devem contextualizar suas abordagens, “porque meias verdades são piores que mentiras completas”. “Se não tivéssemos transmissão em humanos, não teria problema nenhum tratar cachorros”, conclui.

Fonte: Jornal da Cidade de Bauru
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Moral da História

"Matem os cães Sobrevivem os Humanos"

Não que eu ache errado dar preferencia aos Humanos porém cachorros também é um ser vivo que deve ser respeitado. Há de se achar uma solução para a matança de cães infectados!

16 de abril de 2010

Aposentada diz ter salvo cachorra de morte no CCZ






Tentaram buscá-la porque teria leishmaniose, mas Xuxa estava saudável’



Aposentada Marilu Gomes, 58 anos, diz ter salvo sua cachorra da morte certa no CCZ (Centro de Controle de Zoonoses) por causa de uma confusão: diagnóstico de leishmaniose feito pelo órgão, que levaria o animal ao sacrifício, estaria errado.

Em outubro de 2009, Marilu conta que estava em sua casa no Núcleo Octávio Rasi quando agentes do CCZ colheram amostras da cadelinha Xuxa para saber se ela estava com algum tipo de doença infecto-contagiosa. Em 28 de janeiro de 2010, Marilu diz ter recebido ligação do CCZ.

“Disseram que viriam buscar minha cachorra porque ela estava com leishmaniose.” Marilu teria no máximo 20 dias para comprovar que o animal estava são para que ele não fosse levado à eutanásia.

No dia seguinte, levou Xuxa para fazer exames em seu veterinário. Com os testes concluídos, os exames mostraram que a cadela era saudável. “Eu fui ao CCZ e soltei o verbo. Eles perceberam que eu tinha provas e a conversa mudou de tom.”

Dias depois, contudo, o CCZ foi buscar a cachorra. “Eu cheguei em casa e havia um aviso de que eles tinham vindo buscar a Xuxa, mas não tinham conseguido. Liguei lá e disseram que houve um erro”, diz.

“O que eles têm feito é abominável. Só mostraram para mim que não importa a condição do animal, eles querem é matar... Não dão a mínima se a família se importa ou não com o bichinho”, afirma.

Marilu reclama que, depois de constatado o erro, ninguém do CCZ a procurou para se justificar. “A Xuxa dorme comigo, todo mundo gosta dela, ela é saudável... Por que queriam matá-la? Isso não pode acontecer”, declara.

O CCZ é alvo de denúncias de eutanásia em animais saudáveis. O órgão afirma não cometer irregularidades. Sobre as declarações de Marilu, a assessoria informa que responderá nesta terça.


Fonte: Rede Bom Dia