Não são só os imóveis que dão briga na hora da separação.
Tem de dividir tanta coisa que muita gente acaba esquecendo: quem fica com o
bicho de estimação? O Congresso resolveu entrar na discussão. Já tem até
projeto de lei. Existe guarda compartilhada para bicho?
Tem casais que, na prática, já decidiram a guarda
compartilhada ou a alternância nos fins de semana. Mas há aqueles que têm
dificuldade pra chegar a um acordo, poderão ganhar uma ajuda. Um projeto de
lei, em discussão na Câmara dos Deputados, propõe critérios objetivos para
definir a guarda dos animais justamente para evitar mais brigas na separação.
Já imaginou ter de abrir mão de bichinhos como Snoppy e
Bob? “Não consigo nem imaginar porque é assim. Minha vida são os dois”, diz uma
moradora de Brasília.
A disputa de alguns casais é essa: quem vai ficar com o
cachorro, o gato ou o papagaio de estimação? “Em uma separação, é difícil
realmente saber com quem vai ficar o animal”, reconhece um veterinário.
É um assunto considerado tão sério que já tem até projeto
de lei com regras em caso de divórcio. A proposta define critérios para a
guarda de animais domésticos e detalha quem tem mais chances de ficar com o
bicho depois da separação.
A prioridade é para o proprietário legítimo, ou seja,
quem comprou o animal. Mas não basta ser dono. Também, diz o projeto, tem de
ter afinidade com ele. “Com certeza, um bichinho é que nem filho”, comenta um
rapaz.
Além de carinho, é preciso ter tempo para passear e levar
ao médico. Segundo o projeto, dinheiro também conta – o suficiente, pelo menos,
para oferecer um ambiente adequado.
“Todo cuidado, como médico, mimos,
brinquedo e tratamento com pet shop”, cita a servidora pública Ana Felicita.
A veterinária Bárbara Borges diz que é melhor assim: tudo
combinado, porque bicho também se estressa. “O animal ficou triste por causa da
separação, trocou de ambiente, aquele ambiente que ele viveu a vida toda. Aí
ele para de comer, não quer comer e não quer brincar”, alerta.
O projeto também traz a possibilidade de guarda compartilhada,
com direitos e deveres.
Pauline deixou a gata morar na casa do ex, mas nunca
perdeu o contato. “A gente sempre se fala. Eu sempre pergunto como ela está,
quero saber notícias”, comenta.
Na casa da bióloga Edriana Araújo também foi assim.
Conversando, tudo se resolveu. O ex tem livre acesso à casa dela para visitar
os três gatos. “A gente sempre procura fazer o melhor para que eles se sintam
bem e não sintam tanto a falta, já que a gente decidiu adotar os gatos”, conta.
O projeto estabelece também que o ex-casal entre em
acordo na hora de arrumar “pretendentes” para o bicho. Namoro e filhotes, só se
ambos concordarem. A proposta será analisada na comissão de meio ambiente da
Câmara. Depois ainda segue um longo caminho até a votação final.
Fonte: G1