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18 de setembro de 2010

Treinamento para cão de guarda



Por Ayrton Mugnaini Jr, Yahoo!

Normalmente grandes amigos do ser humano desde que se integraram à urbanização há milênios, os cães sempre serviram não só como boa companhia, mas também para serviços diversos, incluindo caça, tração de trenós, guia de deficientes e guarda – estas duas atividades ainda essenciais no mundo moderno.

E neste mundo moderno em que nunca é demais protegermos nossas crianças, casas e valores, é sempre bom termos um guarda particular trabalhando para nós, e até mesmo para a vizinhança. Não é assim tão difícil dar ao peludo de guarda treinamento básico - e esqueçamos de vez a noção, até preconceituosa, de que um cão de guarda precisa ser de grande porte e raça tida como feroz e antissocial.

“Tropa de Elite, osso duro de roer”? O cão que o diga. Mas normalmente ele não precisa ser submetido a treinamento tão extremo e radical; normalmente, já será suficiente que ele seja um Guardabelo ou Guardabela. E logo vamos explicar o “normalmente”.

Sentinela, alerta
Sabe quando alguém – você inclusive – vai a uma casa pela primeira vez e é recebido com latidos e rosnados? Pois é, o guarda peludo está desempenhando seu papel de alertar e defender a casa – ou seja, o território dele – contra quem ou o quê for para ele estranho e, portanto, interpretável como ameaça. Um cão de guarda não precisa usar distintivo, mas uma placa no portão, cerca ou muro é bom: o famoso aviso de “cuidado, cão bravo” ou similar.

O primeiro requisito para um cão “trabalhar” como guarda é ele ser esperto e atento para qualquer ocorrência fora do normal, livre para tomar iniciativa quando o dono estiver ausente ou desabilitado. Não precisa estar armado até os, ahn, dentes; geralmente, basta que ele “apite” como nossos amigos “guardinhas” de bairros e do interior. Sim, ele vai “apitar” à moda dele, ou seja, latir – e quase nenhum ladrão vai “pagar para ver” se este cão só ladra e não morde. Este tipo de “guardinha” peludo costuma ser suficiente para as residências comuns.


Socialização e treinamento de obediência são fundamentais, e não só obediência aos comandos básicos verbais, mas também a sinais manuais (perdoe o monte de rimas iguais). Já falamos aqui sobre como ensinar o cão a latir e ficar quieto; a tendência dele é latir quando notar algo ou alguém estranho, e o ideal é justamente incentivar isso. Cumprimente e premie o bicho quando ele parar de latir para pessoas conhecidas ou continuar latindo para estranhos.

“Acãodemia” de polícia
Qualquer cão pode ser treinado para ser guarda, mas há os que têm temperamento mais adequado para tal. E se o seu guarda noturno peludo for realmente bravo e de grande porte, demonstrando vocação para defender a casa de forma mais determinada e agressiva – ou se você sentir necessidade de uma guarda mais rigorosa – , então será necessário treinamento ainda mais sério e dedicado. Afinal, um cão de guarda pesada é praticamente uma arma, e imagine o cão confundindo uma demonstração mais efusiva de alegria – por exemplo, alguém pulando com um espeto de churrasco na mão – com um ataque inimigo que ele deve reprimir.

Se você quiser que ele realmente ataque para valer estranhos indesejáveis e ladrões, o ideal é confiá-lo a treinadores profissionais e especializados, pois o nível de exigência é muito maior do que para um cão “apenas” de companhia e de alerta. Diferentemente do ensino caseiro de truques, ele vai realmente precisar de treino intensivo, inclusive residindo no canil de treinamento durante o aprendizado.

Ensinar um cão a atacar agressivamente assim, por correspondência, é menos fácil do que pode parecer. Algumas regras gerais são: deixar claro ao canino o território que ele precisa defender; fazê-lo morder partes do corpo (geralmente pernas) vestidas, não pele exposta, para melhor dominar o agressor; instruí-lo a não perseguir o ladrão ou agressor se este fugir; ensiná-lo a não perseguir outros animais, como cães, gatos ou os pombos que pousam no jardim de vez em quando. Há até quem aconselhe treinar o cão macho para evitar que ele siga seu instinto procriador e vá atrás de rabos-de-saia peludos.

Não se esqueça: por mais feroz que seja com estranhos, um cão de guarda tem de ser carinhoso e inofensivo com todo mundo que mora ou convive com ele – crianças, faxineiros, idosos. Daí nunca ser demais lembrar a importância da socialização bem feita para um canino, seja de guarda ou não.

Também não é demais repetir que um cão de guarda pesada tem de ser treinado profissionalmente – e este é o aspecto mais sério da posse responsável. Como sempre digo, quem canta ou escreve mais ou menos pode até ganhar a vida sem machucar ninguém, mas dirigir automóvel, exercer medicina e treinar cães não se faz “mais ou menos”. E não só seu cão pode e deve ser “guarda de seu irmão”, o dono também.

Fonte: Yahoo!