Veterinário explica os que as pessoas devem fazer para prevenir a doença
Muitas pessoas que têm um cachorrinho como bicho de estimação nem imaginam que o animal pode estar infectado por uma grave doença chamada leishmaniose visceral.
No Estado de São Paulo, cidades como Bauru e Araçatuba apresentam focos da doença. Mais recentemente, foram registrados casos de leishmaniose visceral em cachorros na região de Sousas, em Campinas. Cotia e Embu também apresentam inúmeros registros da doença em cães. Os dados são alarmantes: de 2001 a 2008, houve um crescimento de mais de 50% nos casos de leishmaniose visceral no estado.
Os índices são alarmantes. Em toda região noroeste, incluindo Araçatuba, Bauru, Birigui, Dracena, Lins, Panorama e Andradina, existe a estimativa de que cerca de 300 mil cães podem vir a ter a doença.
O protozoário Leishmania chagasi, causador da leishmaniose visceral, é transmitido aos seres humanos através da picada de um mosquito que também pode transmitir a doença aos cães. Os sintomas nos seres humanos são alterações em órgãos internos como fígado, baço, rins e medula óssea. Um cão infectado pode ficar de seis meses a dois anos sem apresentar os sintomas da doença, por isso a prevenção é tão importante.
Segundo Andrei Nascimento, veterinário da Unesp (Universidade Estadual Paulista) de Araçatuba, o mosquito transmissor é considerado silvestre, mas por causa do crescimento desordenado dos grandes centros e do grande aumento do fluxo migratório de pessoas e cães das áreas rurais para a cidade, o inseto encontrou nas metrópoles o ambiente ideal para disseminar a doença. Andrei também explica como os donos de animais devem prevenir a doença.
- Três ações são principais para que o mosquito não se reproduza e não transmita a doença para os cães e seres humanos. A primeira é limpeza dos quintais com a remoção de fezes e restos de folhas e frutos em decomposição, que é onde o mosquito coloca os ovos e são alimento das larvas. Não manter galinheiros e chiqueiros no fundo de casa e, o ponto mais importante da prevenção: que o cão utilize uma coleira impregnada de deltametrina a quatro por cento de concentração. Essa coleira mata e repele o mosquito transmissor.
O veterinário alerta que, diferentemente do ser humano, se um cão for infectado pela leishmaniose visceral ele deve ser sacrificado.
- O Ministério da Saúde recomenda a eutanásia dos animais infectados para a preservação da saúde humana, pois o mosquito que picou esse animal também pode infectar as pessoas que convivem com ele. O tratamento em humanos é feito com poucos medicamentos que vão auxiliar na cura clínica. O paciente não vai apresentar sintomas, mas o parasita vai continuar no corpo.
A dona de casa Tânia Maria Parpaiola, moradora de Panorama, interior de São Paulo, sentiu dentro da própria casa os efeitos da doença. A neta dela, Brenda, de cinco anos, pegou leishmaniose visceral há dois anos.
Na época Tânia tinha um cão, que foi sacrificado sem necessidade.
- A minha netinha começou a apresentar os sintomas da doença e eu pensei que o meu cachorrinho tivesse passado a leishmaniose visceral para ela. Mandei sacrificar o animal e descobri depois que ele não tinha a doença, eu não tinha informações sobre o assunto. A Brenda ficou muito doente, foi internada durante dez dias e fez acompanhamento médico durante um ano.
Tânia diz que a neta ensina a família como prevenir a doença e que a criança virou uma espécie de “fiscal” de limpeza da casa.
- A Brenda fala que devemos limpar o quintal, não jogar frutas e nem lixo nas ruas e que meus cachorrinhos têm que ir ao veterinário para fazer exames.