O adestramento acontece em dias alternados, de acordo com a escala dos policiais. Para se comunicar, existem as palavras-chaves: junto; fica; senta; deita; procura. O mais curioso é que os animais entendem os comandos em três idiomas: português, alemão e inglês. A alimentação também é outro ponto importante. Os cachorros comem duas vezes por dia: às 5h e às 17h. As duas refeições somam 650 gramas e a água é à vontade.
Treinamento
Os treinamentos são na área do canil, ou seja, no pátio, na mata e no gramado. Para a busca de explosivo, os adestradores escondem o material em caixas de papelão, espalhadas pelo campo. O exercício é repetido diversas vezes e, por isso, o cachorro acaba aprendendo.
Na cabeça do cão tudo o que ele faz gera uma recompensa. No caso, a bolinha ou o brinquedo. Ele faz essa associação: toda vez que encontrar o material recebe em troca aquilo que mais gosta. Esse é o princípio do adestramento.
Tão importante quanto o treinamento é o agrado, que vem no fim de toda tarefa cumprida. O treino para a busca de drogas segue o mesmo princípio e o exercício é parecido.
Em média, os cães são treinados por um ano. Depois desse tempo, estão prontos para participar das operações, patrulhamentos e demonstrações.
Saúde
Como os treinamentos são intensos e exigem muito dos cães, a atenção com a saúde deles é essencial. Os animais têm cuidados específicos e, a qualquer momento, podem precisar de um atendimento de emergência. Por isso, dentro do canil da PM, existe uma clínica veterinária, para vacinas, exames e cirurgias.
Os pastores Imo e Osi estão em tratamento desde junho e ainda não tem previsão de alta. Já o labrador Joe veio passar por uma limpeza nos dentes. Um procedimento de rotina, mas não dá pra fazer nada se não for com anestesia geral.
O veterinário e os auxiliares são policiais militares. A soldado Daniela Gonçalves de Souza já tinha noções de enfermagem. Quando entrou na PM, sonhava trabalhar no canil, mas o lugar é concorrido, e ela ficou na lista de espera. Durante três anos fez patrulhamento de rua até ser chamada.
“Sou apaixonada pelo que faço, completamente alucinada, porque todos os dias são experiências diferentes. Se falarem para eu aposentar aqui, eu aposentaria. Adoro trabalhar com cachorro, minha paixão, minha vida”, fala a soldado.
“Cada país treina seu cão na sua língua. Aqui nós fizemos uma brincadeira de idiomas, mas na verdade ele atendeu pelo meu gesto, pela minha expressão corporal. Eu emiti o comando, mas também emiti uma expressão corporal, pra que ele executasse o exercício”, fala o cabo Alves.